Os anos de Cuca a frente do Botafogo não ficaram marcados apenas pelos bons trabalhos e os dois vice-campeonatos estaduais. A passagem do treinador por General Severiano também rendeu boas histórias, com direito a “ressurreição” de um repórter. Em 2007, Cuca recebeu a notícia de que um jornalista, botafoguense, havia morrido. Ao perguntar quem era, a descrição bateu com a de um setorista que cobria o clube, com o qual o comandante simpatizava e costumava brincar nas coletivas.
Abalado e emocionado, o técnico fez questão de comparecer ao velório e ajudou a cobrir o caixão com a bandeira alvinegra, tendo demonstrado toda sua consternação aos familiares. Porém, a tristeza deu lugar a incredulidade dias depois. Em mais uma tarde de treinamento na sede de General Severiano, Cuca ficou paralisado ao avistar, do outro lado do campo, o jornalista ao qual derramou algumas lágrimas. Sem ação, pediu para o assessor de imprensa do clube buscá-lo com urgência.
Mais confuso ainda com o chamado inesperado, o repórter atravessou o campo apressado, em meio aos jogadores, deixando todos atônitos com a cena. Eis que, então, desenvolveu-se o seguinte diálogo:
Cuca - Eu estou arrepiado. Olha aqui o meu braço. Não acredito que estou te vendo. Deixa eu te dar um abraço.
Repórter- Que isso, Cuca. Fico contente em saber que você está feliz em me ver. Mas qual o motivo para tanta alegria?
Cuca- Eu fui ao seu enterro na semana passada. Eu cobri seu caixão com a bandeira do Botafogo. Eu falei em casa para minha mulher e filhas que era uma injustiça você ter morrido, tão novo, tão boa gente. E agora você surge aqui na minha frente.
Repórter- Pô, Cuca, fico feliz em saber que você gosta de mim, mas eu nunca morri não. Vira essa boca para lá que eu não gosto dessas brincadeiras não.
Coube, então, ao assessor alvinegro entender a situação e desfazer todos os mal-entendidos, tentando explicar para Cuca quem realmente havia morrido. No entanto, nada mais naquela tarde importava. O treino ficou em segundo plano. Na entrevista coletiva, Cuca mal ouvia as perguntas e olhava fixamente para o setorista que “ressurgiu das cinzas”. Quando este fez um questionamento, o treinador caiu na gargalhada. Foi a deixa para um gaiato finalizar a marcante tarde alvinegra:
“É, Cuca, tem coisas que realmente só acontecem ao Botafogo. Aqui, até defunto faz pergunta”.