O ano 2000 tinha tudo para começar com clima de alívio no Fluminense, que as vésperas do Natal de 1999 havia vencido a Série C e amenizado a pressão em cima do time. No entanto, um fato constrangedor marcou o primeiro dia de trabalho da equipe. Um dos protagonistas foi o então treinador Carlos Alberto Parreira, que completava um ano no comando do Tricolor. Como de praxe, o elenco se apresentou na sede das Laranjeiras, passou por alguns exames médicos e, na sequência, pegaria um ônibus para viajar rumo ao interior do Rio de Janeiro, onde aconteceriam duas semanas de preparação.
Foi justamente aí que o sempre educado Parreira não devia saber onde enfiar a cara e passou por um dos maiores constrangimentos de sua vida. Ao subir no ônibus, o treinador avistou, sentado em um dos bancos, o meia-atacante Arinélson (foto), que havia disputado a Série C do ano anterior pelo clube. O grande problema é que o treinador tinha pedido para a diretoria dispensar o jogador. Como pôde ser constatado, os dirigentes tricolores falharam na missão, e Arinélson era um dos mais empolgados no ônibus, rindo e contando histórias do período de férias com outros atletas.
Muito irritado com os cartolas e ao mesmo tempo para lá de constrangido, Parreira teve de caminhar até o fundo do veículo para dar a desagradável notícia a Arinélson. Três anos antes, em 1997, o meia-atacante surgira como futuro craque no Santos e chegou a ser chamado de “novo Maradona” na Vila Belmiro, pelo fato de ser canhoto, habilidoso e despontar com arrancadas sensacionais. Sem saída, Parreira adotou a tática de ser rápido na conversa. Pediu educadamente para que Arinélson descesse do ônibus para, em seguida, explicar que houve um equívoco e o jogador não fazia mais parte dos planos.
Desolado, o atleta nem sequer se despediu dos companheiros, que ficaram sentados no ônibus sem entender nada. Parreira retornou ao veículo, que seguiu viagem, sem Arinélson. O meia-atacante foi disputar o Carioca pelo América, mas não teve o esperado confronto contra o treinador. Se serviu de consolo ou não ao atleta, dois meses depois o Fluminense demitiu Parreira por conta dos maus resultados no início do ano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário